Projeto Urbano: Ponte de Pedestres Rosemont, repensando a passarela

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© Via Plataforma Urbana

No contexto das grandes metrópoles atuais, as rodovias, linhas férreas, rios e parques são os protagonistas do território. Estes são grandes elementos lineares que normalmente têm um impacto capaz de alterar, entre outras coisas, a continuidade da trama das ruas e a integração social entre bairros. Desta maneira, surgem as pontes, passarelas, túneis e outros equipamentos conectores para que os cidadãos possam, pelo menos, cruzar de um lado ao outro tais infraestruturas ou elementos naturais. Estes elementos de conexão, por ter uma vocação meramente de conexão e trânsito, tendem a ser inabitados e inseguros. Neste artigo, evidencia-se o exemplo da Ponte de Pedestres Rosemont (Rosemont Pedestrian Bridge), como uma referência para o projeto e ativação de tais lugares.

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A ideia inicial do projeto surgiu em meados do ano de 2008, quando o escritório de arquitetura SWA e a dupla de artistas Elmgreen + Dragset apresentaram um anteprojeto que contemplava a passarela de pedestres “Tolerance Bridge” (Ponte da Tolerância)para cruzar o Buffalo Bayou, o principal rio da cidade de Houston, Texas. Este propunha uma espécie de arco torcido no centro para marcar as vistas do skyline da cidade e representar a confluência cultural e étnica de seus habitantes. Desta maneira, os escritórios procuraram transformar uma simples estrutura construída em um símbolo que refletia os desafios sociais da comunidade. Vê-se já aí, que passarelas e pontes podem ser projetadas muito além de suas funções utilitárias.

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Lamentavelmente, o anteprojeto nunca pôde ser executado, por protestos dos cidadãos, seja por seu nome, como por seu aspecto formal. Deste modo, o escritório SWA preparou um novo desenho, mais simples e bem menos simbólico, o qual se começou a construir em março de 2010, sendo inaugurado exatamente um ano depois, com o nome (muito mais neutro), de “Rosemont Pedestrian Bridge”.

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O projeto formula-se a partir dos principais problemas de acessibilidade do lugar. Primeiro, criar uma via segura através do rio para pedestres e ciclistas, já que a ponte da Rua Montrose possui um caminho estreito e, segundo, para permitir o acesso dos bairros do setor para o "bayou" (rio) e ao conjunto de caminhos que o bordeia, posto que as avenidas costeiras (Memorial Driveway e Allen Parkway) criam uma barreira para os visitantes. Estas formulações são um exemplo particular de uma inquietude mais geral das autoridades locais para tornar a cidade de Houston mais acessível e caminhável.

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A parte principal do projeto consta de uma passarela com dois braços, na forma de um V, com uma largura média de 3,6 metros e um comprimento total de 239 metros. Esta passarela foi projetada com ênfase em rampas contínuas e inclinações muito suaves, que cumprem com os padrões de acessibilidade universal local. Ainda deve-se levar em conta que o projeto aproveita estrategicamente a topografia do sítio, com uma inclinação moderada desde a cidade para a orla ribeirinha, o que permite criar um caminho fluido sem grandes desníveis.

Por outro lado, o projeto contempla um conjunto de intervenções secundárias que elevam a qualidade da passarela, projetada por si mesma, de uma mera infraestrutura, a um marco arquitetônico na cidade.

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Em primeiro lugar, melhoraram-se 1.500 metros lineares do sistema de caminhos rente ao rio, que foram ligeiramente modificados para se conectar à nova passarela. Em segundo lugar, no acesso sul localiza-se uma instalação escultórica feita por Jaume Plensa, artista catalão. Esta é composta de 7 figuras humanas formadas por uma grelha de letras e símbolos de distintos alfabetos. O nome da intervenção? “Tolerância”.

Em terceiro lugar, cada acesso à passarela conta com uma espécie de pequena praça que funciona como ponto de partida à travessia, dando acesso aos caminhos e criando breves espaços públicos de permanência.

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Embora estes tipos de peças lineares sejam estruturas configuradas para o transpasso e normalmente não para a permanência (ou seja, são inerentemente inabitáveis) soluções podem surgir para ativar tais espaços e dotá-los de vitalidade. É neste âmbito que este projeto é uma referência notável. Podem-se extrair conclusões fortes de cada uma das peças geométricas do projeto: se ele for analisado como um exercício de composição, pode-se fazer observações das linhas (a passarela, por si só) ou as extremidades destas linhas (pequenos espaços públicos de acesso ).

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Tal como para as linhas (o trajeto) é resgatado por um lado, no traçado paralelo de duas pontes convergentes orientadas com o objetivo de gerar vistas ao rio e ao centro financeiro de Houston. Por outro lado, os ciclistas foram levados em conta como usuários protagonistas na utilização do trajeto, algo que normalmente não se vê em infraestruturas deste tipo, principalmente nos países da América do Sul.

Quanto às extremidades (estes pequenos espaços de descanso), a configuração dessas pequenas praças tem uma capacidade enorme de transformar esta infraestrutura em um espaço urbano relevante. Entre outros, os seus efeitos são os de aumentar a qualidade do espaço público no setor, promover uma oportunidade para recreação e áreas verdes, aumentar a segurança através de pequenos comércios ou outros programas (ou mesmo no uso ativo destas praças) e promover a integração social entre os diferentes bairros. Desta forma, produz-se uma ativação efetiva de um espaço com condição de trânsito, uma questão ainda pendente na construção de estradas e pontes na maioria dos países.

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Repensar as passarelas para transformá-las de espaços residuais a elementos totalmente integrados à cidade parece não ser prioridade para as autoridades responsáveis pela concepção destes (pelo menos na maioria dos países). Neste caso, a ponte de pedestres Rosemont é um exemplo que nos mostra algumas observações para reconfigurar os elementos de uma ponte de pedestres, ou em geral, qualquer elemento urbano, que sirva para conectar os dois lados de uma grande infraestrutura.

Arquitetos: SWA Group
Localização: Houston, Texas, Estados Unidos da América
Data de Execução: 2010 – 2011

Artigo via Plataforma Urbana
Tradução: Eduardo Souza, ArchDaily Brasil.

Sobre este autor
Cita: Álvaro Castro Sebastián. "Projeto Urbano: Ponte de Pedestres Rosemont, repensando a passarela" 01 Set 2013. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/01-138218/projeto-urbano-ponte-de-pedestres-rosemont-repensando-a-passarela> ISSN 0719-8906

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